148 — Sinfocall – Um projecto português com sonhos arrojados

Apr 19, 2001 | Conteúdos Em Português

SINFOCALLA Sinfocall nasceu da união de profissionais comprometidos com os clientes, com o mercado português e com os serviços que fornecem. Experts nas áreas de contact centres, business intelligence e sistemas de informação empresariais que decidem criar o melhor contact centre de Portugal.
Depois de cinco anos dedicados à Sitel, Javier Solo decide abandonar um projecto que considera “esgotado”, para dirigir a Sinfocall. Uma empresa com apenas quatro meses de actividade que terá, até final do ano, capacidade para 130 postos de trabalho, 50 dos quais a serem instalados em salas privativas.

Por Maria João Nunes

Como se deu a entrada para a Sinfocall?
Entrei na Sinfocall por entender que o projecto “Sitel Corporation” estava um pouco esgotado e pela sua natureza de grande multinacional nunca iria cuidar do mercado português como este exige. Para uma multinacional que opera em mais de 20 países, Portugal é um mercado absolutamente desigual. Como eu acredito neste mercado, senti que estava a deixar escapar, dia a dia, centenas de oportunidades por falta de adequação da Sitel ao mercado.

E quais as razões que o levaram a abraçar a Sinfocall?
É um projecto português, suportado por profissionais conhecedores da realidade nacional e do negócio. Agrada-me mais ajudar uma empresa portuguesa a cobrir a dimensão ibérica, do que colaborar para que uma empresa norte americana seja ainda mais poderosa. Os pontos fortes da nossa companhia, justificam plenamente a minha dedicação a este projecto, pelo qual trabalhamos por paixão e não por uma questão de oportunidade.

A Sinfocall está em actividade desde 4 de Dezembro. Quais são os projectos imediatos?
Ser o melhor Contact Center em Portugal. Aquele que mais valor acrescentado dá aos seus clientes, baseado nos melhores recursos humanos, minimizando a rotatividade de pessoal e com a melhor tecnologia do mercado. A tecnologia não é o driver da nossa companhia, mas sim os recursos humanos.

Como é que viu a evolução do mercado até à data e como é que vê nos próximos dois anos a situação dos Centros de Contacto em Portugal?
Portugal é muito aberto à alta tecnologia e por isso julga que esta resolve as coisas. As empresas esquecem-se de que têm de ter agentes qualificados. Esta situação deu lugar a algo que, do meu ponto de vista, é totalmente falso, ou seja, o facto do atendimento telefónico esgotar muito as pessoas e por isso só poderem trabalhar 4 horas por dia. A realidade é que as empresas não querem fazer um contrato de trabalho normal. Temos que criar profissionais do sector, ter trabalhadores que tenham orgulho em dizer que trabalham num contact center. Essas pessoas têm que chegar ao fim do mês com um ordenado digno, uma vez que são trabalhadores de inteligência.

Qual é a sua opinião acerca dos call centers a nível do outsourcing completo?
As empresas pensam em outsources apenas por um discurso economicista e que será mais barato e flexível. Quando se pede flexibilidade chega-se a uma absoluta falta de compromisso. O que estão a pedir é algo como por exemplo: hoje lançam uma campanha que envolve 100 agentes e amanhã pensam que não está bem e dão o dito por não dito. Assim escondem uma falta de planificação e de sinceridade. A solução passará por estabelecer um acordo sólido entre o outsourcer e a empresa onde a responsabilidade de recrutar é conjunta. Eu próprio já vivi um caso assim. De repente dos 150 agentes que tinha, reduzi-os a 20. Isso não se faz, e acontece muitas vezes porque as empresas não estão seguras da sua própria capacidade.