2057 — Business Intelligence: Entrevista com Rui Gaspar, business operations manager da Information Builders

May 12, 2003 | Conteúdos Em Português

Licenciado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores pelo IST, Rui Gaspar, 34 anos, iniciou o seu percurso profissional na Procter & Gamble e passou depois pela Compaq, Lotus e Siemens, tendo assumido funções de venda na Information Builders há cerca de dois anos. Rui Gaspar prefere falar do conceito de “Real Time Enterprise” e não tanto de Business Intelligence, salientando a necessidade de acesso e de exploração da informação em tempo real e de uma forma democrática em todas as camadas da empresa.

Qual o nível de maturidade da implementação de soluções de Business Intelligence (BI) em Portugal?

No meu entender há duas grandes categorias: existem clientes, tipicamente as grandes organizações na área da banca e das telecomunicações, que estão num processo de implementação bastante avançado e já têm os seus objectivos e estratégias bem delineadas; a segunda realidade são outras empresas ou instituições, aqui claramente a Administração Pública, que só agora se começam a aperceber que estas ferramentas são fundamentais.

Quais as principais vantagens da utilização deste tipo de soluções?

As vantagens situam-se claramente ao nível da obtenção de resultados e da melhoria rentabilidade das organizações, seja essa rentabilidade de índole financeira ou em termos de índices de serviço, no caso de instituições não orientadas ao lucro. Estas ferramentas medem de uma forma efectiva aquilo que se está a passar na empresa em determinado momento e podem ajudar a projectar decisões futuras. A decisão é baseada em factos e dados, baixando, por isso, o nível de risco.

No entanto, na Information Builders preferimos falar de “Real Time Enterprise” e não tanto de Business Intelligence . O nosso paradigma não é ter meia dúzia de iluminados que exploram dados e produzem informação para toda a organização, mas sim tornar esta acessível às pessoas que a vão utilizar. Por exemplo, um executivo receberá dados globais da empresa e indicadores de evolução do negócio, enquanto que alguém ligado à contabilidade, apesar de trabalhar com dados totalmente distintos, não deixa de necessitar de informação.

Ao nível dos centros de contacto, que valor acrescentado pode o BI trazer que não esteja já contemplado, por exemplo, pelas soluções CRM tradicionais?

No caso específico do centro de contacto, estas ferramentas permitem a quem esteja a interagir com o cliente ter toda a informação que necessita para proporcionar um bom serviço. Por exemplo, numa instituição financeira, em que é provável que o cliente tenha vários tipos de produtos oriundos de linhas de negócio totalmente distintas, quem está a gerir o relacionamento com o cliente necessita de ter uma visão integrada de todo o seu portfolio de produtos.

As ferramentas de CRM são muito eficientes e poderosas na gestão dos dados que têm (contactos, planeamento de campanhas, histórico da interacção com o cliente, etc.) mas necessitam de ser enriquecidas na integração com os sistemas operacionais, e á aqui que este tipo de soluções pode ajudar muito. Estes sistemas têm também a vantagem de complementar o contacto telefónico com informação que pode ser disponibilizada na Web .

Como e quando é que a Information Builders chegou a Portugal?

A subsidiária da Information Builders em Espanha foi criada em 1989 e começou a desenvolver algum trabalho com Portugal, nomeadamente na área bancária. Isto significa que temos clientes em Portugal desde o início da década de 90. Em 2000 foi criada a sucursal em Portugal, que reporta à Information Builders Iberica , e foi a partir daqui que começámos a ter uma abordagem mais directa ao mercado português

Que tipo de soluções é que a Information Builders disponibiliza para o mercado português?

A Information Builders tem essencialmente duas grandes linhas de negócio: uma na área da disponibilização de informação em real time , através da nossa linha de produtos WebFOCUS que tentamos adaptar a problemáticas concretos com base nas melhores práticas de implementação, como por exemplo, o Balance Scorecard e o anti-money laundry. A segunda linha de negócio é baseada na componente de integração de aplicações, com base nas soluções da iWay Software. Para além disso, disponibilizamos também soluções de ETL que podem funcionar em conjunto com o WebFOCUS .

Quais os parceiros da Information Builders em Portugal?

Como resultado da nossa vinda para Portugal, estamos neste momento ainda a desenvolver esta componente. Já temos projectos feitos com a IBM e com empresas do grupo ACE, incluindo a Edinfor . É muito provável que venhamos a ter mais, já que esse é um dos nossos objectivos estratégicos para este ano.

Que clientes têm neste momento em Portugal?

O grupo Caixa Geral de Depósitos, o grupo BCP a nível nacional e internacional, a EDP, a PT e a Inteli.

Quanto tempo demora em média a implementação de uma solução de BI?

Um dos aspectos mais importantes das nossas soluções e da forma como trabalhamos é o desenvolvimento rápido. A grande barreira para se arrancar e tirar partido deste tipo de projectos é a montagem: em muitos casos é necessário montar estruturas complexas e pesadas antes de realmente se conseguir obter alguma coisa.

No entanto, nós não obrigamos a uma arquitectura específica. No limite, nós podemos aceder directamente aos sistemas operacionais se o cliente não tiver um datawarehouse ou um data mart . Uma vez instalada a ferramenta, podemos começar imediatamente a apresentar resultados sem o prejuízo de incrementalmente irmos fazendo crescer a solução.

Quanto custa, em média, implementar uma solução de BI?

A questão dos custos é sempre muito relativa. O custo absoluto pode variar de um preço de entrada próximo dos 20 mil euros até algumas centenas de milhar de euros. As nossas soluções são extremamente escaláveis do ponto de vista da plataforma, e isto tem implicações directas nos custos. Em Portugal temos clientes que utilizam mainframe, NT, Unix, AS/400 e iremos, em breve, instalar em Linux .

Se o cliente tiver uma solução que não é muito pesada, pode optar por um servidor mais pequeno, com custos obviamente inferiores, já que o custo de licenciamento se prende com as características da máquina. Se tiver uma utilização mais intensiva pode optar por uma máquina maior com um custo por utilizador proporcionalmente muito mais baixo.

Uma questão muito em voga, até pela actual conjuntura económica, é a de saber como e quando é possível obter o ROI. Como é que a Information Builders tem abordado este assunto?

Temos vários casos de clientes que conseguiram poupanças reais e tangíveis com a utilização das ferramentas pelo facto de terem acesso a informação fiável no momento. Depois há outros casos em que o ROI é mais intangível, mas onde se consegue obter, por exemplo, um melhor serviço ao cliente, uma diminuição do número de reclamações ou um aumento da recorrência da utilização dos serviços da empresa.

Filipe Samora
2003-05-12

Centro de Informação-DATABASE & BUSINESS INTELLIGE
Em Foco – Pessoa