242 — A Idade do Conhecimento

Jun 14, 2002 | Conteúdos Em Português

livroRaul Junqueiro lançou o livro «A idade do Conhecimento»,  partilhando, pela primeira vez, a sua visão do mercado das tecnologias de informação e comunicação e apresentando um novo conceito de conhecimento.

Apresentação Geral da Obra

Em ‘A Idade do Conhecimento’, Raul Junqueiro, que pretende dessacralizar as tecnologias de informação e comunicação por se tratar de uma realidade que diz respeito a todos e cada um de nós, procurou um compromisso entre uma obra didáctica e de reflexão sobre as principais questões que emergem num sector tão vital como este e afirma que o Conhecimento se irá constituir como factor distintivo entre as sociedades mais e menos desenvolvidas.

O autor recria o conceito de Conhecimento , impregnando-o de novos contornos ao defini-lo como «o factor chave na interpretação e uso da informação, especialmente para a transformar em acção produtiva» , o elemento capaz de agregar todas as tendências que se podem identificar na actual sociedade e de lhes emprestar um novo sentido, iluminando-as da matéria incandescente que inaugura uma nova Era na História dos Homens.

Amadurecido em tempos de abundância e nascido em momentos de grande preocupação económica, social e cultural, num momento de encruzilhada civilizacional, «este livro é o resultado de um compromisso e de uma batalha longos em prol do desenvolvimento da Sociedade de Informação » , refere o autor.

Trata-se de uma obra elaborada à luz das várias vivências profissionais que Raul Junqueiro teve no sector, onde se envolveu com inúmeros projectos nacionais e internacionais, que vão desde a gestão de empresas de correios, telecomunicações, televisão, nas áreas pública e privada, à responsabilidade pelo lançamento de importantes iniciativas de modernização e promoção das tecnologias de informação e comunicação.

Raul Junqueiro lançou os primeiros projectos de tecnologias de informação, em Portugal, como o Inforjovem, foi Secretário de Estado das Comunicações, deputado, dirigente associativo e, nos últimos anos, fundou uma das mais prestigiadas empresas de consultoria neste sector.

Mais do que um livro sobre o sector das tecnologias de um informação e comunicação, mais do que um esforço no sentido da defesa e desenvolvimento da Sociedade de Informação , ‘A Idade do Conhecimento’ é um alerta para a urgência de cidadãos, empresas, governos e países se envolverem de forma concertada na gestação da nova Sociedade.

«O Conhecimento será o novo factor de aceleração de um futuro melhor para toda a Humanidade, capaz de resolver ou pelo menos atenuar, as gravíssimas injustiças e assimetrias sociais que assolam actualmente muitos pontos do planeta», refere.

Para o autor é preciso alertar para o facto de «existir um claro défice digital que é apanágio da maioria dos decisores, quer nacional, quer internacionalmente. Apesar dos discursos politicamente correctos, das boas intenções e das muitas promessas, pouco se fez para preparar os cidadãos e as empresas e os países para um novo tempo que já está em gestação. A missão mais estratégica e urgente é a de conduzir populações inteiras, através de processos de mudanças profundas, para novos ambientes, que exigem qualificações que a maioria não possui » .

Segundo Raul Junqueiro , « corremos sérios riscos e, se nada fizermos ou continuarmos como até aqui, podemos ficar definitivamente arredados do desenvolvimento e da modernização, ou seja, de uma vida melhor para todos. Temos de nos mobilizar para as alterações estruturais que estão a ocorrer, em todos os domínios das sociedades actuais, para as suas consequências, para a revolução de mentalidades, para a intervenção dos Estados, para a participação da Sociedade Civil, para tudo o que urge fazer » .

Num momento em que está na ordem do dia a questão da globalização e dos impactos das suas consequências, bem como a questão das migrações humanas e dos problemas que implicam, esta obra diz-nos que, « não podemos esperar mais. Já hoje nos damos conta das profundas assimetrias económicas e sociais entre continentes e regiões, países e no interior de cada um. O fosso entre os que tudo e nada têm aumenta diariamente, estando a dar origem a manifestações de toda a espécie, seja a propósito da globalização, seja disfarçada de fundamentalismos diversos » .

Aquele responsável adianta também que: « não tenhamos qualquer dúvida de que a nova sociedade e o novo tempo só estarão ao alcance dos que se prepararem para ele e que os instrumentos que nos colocam à disposição são de tal modo poderosos que acentuarão ainda mais diferenças. Daí a urgência do combate, o qual visa a integração e a inclusão social e económica, mas também a própria sobrevivência » .

O autor refere também que lidar com computadores e com a Internet é «o abecedário da nova sociedade e do conceito de literacia que lhe está implícito. Há muito que os computadores saíram do laboratório e deixaram de ser pertença de cientistas, matemáticos ou astronautas. Invadiram as empresas e as nossas casas, aumentaram a competitividade, melhoraram a qualidade de vida, levaram-nos à Internet e ao mundo virtual» .

Nesse sentido, «são hoje tão indispensáveis como o pão que comemos, a água que nos sacia a sede ou o ar que respiramos. Tal como nos ensinaram a ler e a escrever, também nós temos agora de saber computar e conectar» .

Estrutura Geral do Livro

Raul Junqueiro dividiu o livro em três capítulos, que se seguem à Introdução, onde nos conta o que o levou a escrever esta obra, sobre a urgência da temática e o conteúdo da sua reflexão ao longo da obra.

A génese da revolução digital: uma perspectiva histórica

Foi preocupação do autor, no primeiro capítulo, intitulado A Génese da Revolução Digital , situar o leitor referindo-se aos principais marcos da evolução das componentes do sector que dominam esta área, o das TICs (as telecomunicações, a informática, os meios de comunicação social e a Internet).

A perspectiva de evolução do sector expressa neste capítulo, que nos permite tomar contacto com muitos factos curiosos e que nos são desconhecidos apesar de temporalmente perto de nós, desenrola-se tendo em conta os mercados dos EUA, da Europa e de Portugal, uma vez que se trata de uma realidade própria de países desenvolvidos, mas que é preciso situar e perceber também, e sobretudo, no país onde vivemos.

Partindo de uma breve retrospectiva dos momentos mais significativos das telecomunicações, onde são apontados os principais momentos a nível internacional e nacional, desde o Século XIX, este capítulo abarca igualmente as tecnologias de informação – onde se inscrevem as componentes da informática e domínios que lhe estão subjacentes como o hardware, o software, os periféricos e as redes, os meios de comunicação social e a Internet.

Alertando para a crescente importância dos meios de comunicação online, Raul Junqueiro, inclui também uma abordagem à rádio e à televisão no que toca à temática dos meios de comunicação social, que a seu ver dominam a sociedade actual.

Daqui o livro conduz-nos a outra realidade essencial dos nossos dias, constituída pela Internet que, abordada nas suas características predominantes de agregação e revolução, alterou por completo a forma como vivemos, como trabalhamos, como nos divertimos e como nos relacionamos.

Os traços distintivos deste capítulo, consistem no facto da análise aí expressa ilustrar a evolução integrada dos vários sub-sectores que constituem as TICs, assim como algumas revelações surpreendentes, a propósito dos seus momentos mais significativos.

Os Contornos da Nova Sociedade

Por seu turno, o segundo capítulo do livro dedica-se à caracterização da plataforma emergente, procedendo, nesse sentido, à análise das tendências que é possível identificar como as principais, visando inteligir qual a sua importância e os seus impactos.

O autor considera que se revelam já, de forma clara e inequívoca, os traços dominantes da nova sociedade em gestação, e onde se afirmam como tendências dominantes a conectividade, a informação, a convergência, a mobilidade e o conhecimento.

Nesta esteira, Raul Junqueiro identifica a nova Era como uma Sociedade Conectada, uma Sociedade de Informação, uma Sociedade de Convergência, uma Sociedade de Mobilidade e uma Sociedade de Conhecimento.

Trata-se, na opinião deste reputado especialista, de uma Sociedade dominada pela Internet e pelo mundo virtual, onde o tratamento e a manipulação da informação, sobretudo através de sistemas sofisticados, se afirma como factor decisivo no que concerne ao aumento da produtividade e do reforço da competição.

Por outro lado, a convergência impõe-se como factor determinante a nível das redes, dos formatos, dos conteúdos, dos terminais, dos serviços e das próprias indústrias de que são exemplo claro a importância adquirida pela banda larga, pelo comércio digital e pela televisão digital.

Quanto à mobilidade esta impõe-se através do sucesso granjeado pela telefonia móvel, bem como as próximas gerações de telemóveis. Especialmente aptos para os conteúdos de dados/ Internet e de imagem.

O conhecimento perfila-se como factor decisivo, no sentido em que se afirma como a preparação e a qualificação dos recursos humanos, que representam a pedra de toque da nova Idade.

É a combinação das várias tendências identificadas neste capítulo e das diversas sociedades que irão dar origem em breve, a um novo tempo, que Junqueiro gosta de apelidar de A Idade do Conhecimento.

Os Desafios e as Oportunidades

No terceiro e último capítulo, intitulado Os Desafios e as Oportunidades, Junqueiro procede a uma análise e reflexão cuidadas e pormenorizadas sobre as questões tidas como decisivas para que cidadãos, empresas e países se integrem, com sucesso, na nova Era.

Para o autor, estão a soprar novos ventos de mudança, que tornam premente adoptar uma postura visionária, se queremos dar o salto para o tempo vindouro, com a plena consciência de que o fazemos da melhor forma possível, na plenitude das nossas capacidades de pessoas e cidadãos.

Ao longo destas páginas, Junqueiro aborda, de forma detalhada, a problemática do acesso à informação e ao conhecimento, dos consumidores e da regulação, das redes de banda larga, da promoção dos talentos humanos, da modernização da Administração Pública e também das empresas, da produção de conteúdos e da protecção dos direitos fundamentais.

As respostas aqui logradas têm como alicerce o contexto europeu e português, a par da generalidade dos países desenvolvidos, já que, segundo o autor será nestes, que a nova sociedade irá primeiramente tomar corpo.

O autor, que estabelece a responsabilidade dos Estados nestas matérias, mas apela à intervenção crescente da sociedade civil no esforço que é necessário efectuar, para vencer os desafios que ‘A Idade do Conhecimento’ coloca, chama a atenção para a necessidade imperiosa dos países se prepararem para o novo tempo.

Esta preparação implica o solucionar de questões tão fundamentais e elementares como as do acesso à informação e ao Conhecimento, de traçar um novo posicionamento estratégico, que possibilite ultrapassar a questão do digital divide diminuindo as assimetrias económicas, sociais e culturais, ao mesmo tempo que se garante o combate aos vícios da globalização e se encontram soluções de equilíbrio para as problemáticas dos movimentos migratórios que trazem no seu seio os riscos da insegurança, da criação de fossos sociais crescentes, a par das xenofobias e dos movimentos nacionalistas.

Neste capítulo, Junqueiro refere-se à importância capital da tomada de iniciativas e também às questões da regulação dos mercados, destacando a falência dos modelos de liberalização das comunicações de rede fixa na generalidade dos mercados europeus, a necessidade de encontrar modelos de liberalização alternativos, bem como de garantir a independência das redes básicas, reforçando as posições dos reguladores e encontrando uma nova estratégia para o sector.

O enfoque é também colocado nas redes de banda larga e no papel determinante que estas desempenham para a construção e consolidação das oportunidades criadas pela Nova Era. Nesse sentido, o autor defende que é vital investir em largura de banda, já que só a existência de infra-estruturas digitais modernas e capazes, será capaz de garantir a massificação que urge efectuar.

Esta questão adquire uma tal relevância, que se transformou num assunto político, do qual depende em boa medida o sucesso ou insucesso dos países na integração na Nova Sociedade.

Referindo-se à questão da promoção dos Talentos Humanos, que aliás reconhece como o ponto mais sensível de todo o leque de dificuldades que urge combater e vencer no esforço da digitalização, Raul Junqueiro debruça-se sobre a necessidade vital de educar, formar e sensibilizar todas as pessoas, de todos os quadrantes, nacionalidades , culturas e religiões.

Para o autor só um empenhamento coordenado permitirá vencer a batalha da inclusão social, aproximando as escolas dos mercados, garantindo aos países a criação de novos factores de competitividade: « o Conhecimento implicará a existência de cidadãos melhor preparados e qualificados. Eles são, ao fim e ao cabo, a verdadeira matéria prima da nova sociedade, os verdadeiros agentes das mudanças e os principais destinatários das mesmas » .

Junqueiro defende que: « não basta tornar as pessoas digitalmente esclarecidas, no sentido de serem capazes de utilizar um computador ou efectuar uma ligação à Internet. Ou mesmo de contribuir para a sua consciencialização no que respeita aos impactos das mudanças » , explica.

«O que é fundamental e indispensável relaciona-se com a criação de condições que eles proporcionem uma educação adequada, de modo a permitir-lhes enfrentar com sucesso as novas e complexas exigências dos mercados» , conclui.

O autor aborda também a importância vital da modernização da Administração Pública, área em que urge avançar no sentido de promover uma mudança de estruturas capaz de abranger todos os sectores, acelerando-se o surgimento da Administração Electrónica e garantindo a consolidação da Democracia Digital .

Já no que concerne à modernização das empresas, impõe-se igual ou até maior esforço de webização, no sentido de garantir aos diversos sectores de actividade o acesso a novos níveis de competitividade, fundamentais para o sucesso de qualquer país no espaço económico mundial.

A Produção de Conteúdos é outro dos pontos focados por Raul Junqueiro, que fala na necessidade de apostar nos conteúdos audiovisuais e multimédia, duas faces de uma indústria que precisa de ser consolidada, quer através da criação de políticas de promoção que garantam o seu desenvolvimento, quer através de uma estratégia se sector.

O autor aborda ainda a questão da protecção dos direitos fundamentais, referindo-se à importância que tem, na dinamização de ‘A Idade do Conhecimento’, a segurança das transacções electrónicas, a protecção dos dados pessoais e a qualidade dos conteúdos.

Junqueiro defende igualmente a necessidade de se garantir um pacote mínimo de Serviços relacionados com a Sociedade de Informação , aí incluindo o serviço público de televisão e o serviço universal de telecomunicações.

Lançamento do Site Idade do Conhecimento

Paralela e complementarmente, Raul Junqueiro anunciou o lançamento do site www.idadedoconhecimento.com.

2002-06-14

http://www.idadedoconhecimento.com

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