1233 — PORTUGAL SEM POLÍTICA DE BANDA LARGA

Dec 2, 2002 | Conteúdos Em Português

Os trabalhos do 12.º Congresso das Comunicações da APDC (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações), que teve início ontem dia 26 De Novembro, prosseguiram esta manhã com um painel dedicado ao tema ”Que Políticas para a banda Larga”.

A discussão contou com a participação de Diogo Vasconcelos, da UMIC (Unidade de Missão Inovação e Conhecimento), Asheesh Saksena, da Accenture, Francisco Velez Roxo, da ANETIE, José Dias Coelho, da APDSI, e Conceição Casanova, da APDC, a quem coube moderar o debate.

Enquanto responsável pela recém criada estrutura de coordenação, que têm como objectivo aplicar as políticas aceites no quadro comunitário pelos governos portugueses, Diogo Vasconcelos começou por afirmar que o futuro de Portugal está “claramente” condicionado pela forma de penetração e disponibilização da Banda Larga”. Um objectivo que passa pela definição de um quadro de indicadores que suportará a fixação de metas e permitirá uma medição consistente dos progressos alcançados.

Entre outros factores, aquele responsável acredita ser essencial “assegurar o envolvimento proactivo de todos os intervenientes com interesses e responsabilidade nesta matéria”. Numa avaliação retrospectiva, criticou a forma como decorreu o processo de liberalização das telecomunicações em Portugal, lamentou o facto dos “novos operadores não terem alinhado o seu discurso entusiástico com investimentos efectivos”, e questionou se estes “não estarão mais interessados em dividir o monopólio do que em investir em infra-estruturas”.

Para o futuro, e entre outras coisas, Diogo Vasconcelos deixou a promessa de que o Governo vai apostar na formação avançada de redes de comunicações, através da promoção de pós-graduações, mestrados e doutoramentos neste âmbito.

Banda Larga vai revigorar economia mundial

Asheesh Saksena, representante da Accenture, baseou a sua apresentação num estudo realizado pela consultora sobre “O que fazer para revigorar a economia mundial”, que conclui que desde sempre as épocas de crise acabaram por ser ultrapassadas por inovações tecnológicas que permitiram reanimar a economia mundial. Este papel cabe agora à nova geração de Banda Larga, e Portugal está bem posicionado, conclui o estudo, para tirar partido desta oportunidade. Mas para isso, é preciso que haja uma mudança de mentalidades. Para o consultor, a indústria não está a conseguir passar uma estratégia em direcção ao “estilo de vida em Banda Larga”.

Da sua apresentação ficou clara uma ideia que depois seria reafirmado por José Dias Coelho, da APDSI: “os desafios da Sociedade de Informação no contexto da Banda Larga não são de componente tecnológica. Pode dar-se o caso de algumas centrais não estarem devidamente preparadas, mas o mercado tratará de resolver essa situação”. A questão que se coloca é uma mudança de mentalidades que permita aproveitar as comodidades inerentes ao acesso rápido aos mais variados serviços, multiplicar o número de serviços com utilidade efectiva, e incrementar a ligação entre os cidadãos e a Administração Pública.

A sessão prosseguiu com a intervenção de Francisco Velez Roxo, para quem o momento de crise deve ser aproveitado para dialogar sobre os problemas. “Não temos dinheiro, mas vamos reunir, debater os problemas e trabalhar em conjunto”. Na sua opinião é importante corrigir os erros da banda estreita, que “na prática foi um falhanço claro”.

Francisco Velez Roxo acrescentou ainda que: “muitos segmentos estratégicos continuam por apurar e este é um problema de banda estreita mental” e por isso é essencial que se “actue com Banda Larga ao nível do pensamento”. Em jeito de resposta a Diogo Vasconcelos, aquele responsável da ANETIE, lembrou que “o número de doutorados aumentou em Portugal, mas ainda não assistimos a uma boa articulação com os empresários”, um factor crítico para o desenvolvimento económico. Para finalizar, e voltando à questão das mentalidades, concluiu que “a interactividade é um problema do consumidor face às tecnologias”.

Já em tempo de debate, Diogo Vasconcelos afirmou que “em Portugal já se falou muito, o importante agora é fazer!”, para logo a seguir sublinhar o facto de Portugal ser um dos poucos países da OCDE que não tem uma política de Banda Larga. Na sua opinião, “não havia até agora uma visão integrada do que o governo estava a fazer”, e este parece ser um dos motivos para que “Portugal ande a desperdiçar recursos”.

Para Francisco Velez Roxo, “a Banda Larga precisa de uma estratégia clara para reformar a competitividade das empresas, e sobre isso não há debate nenhum, ninguém parece preocupado em perceber a posição do consumidor”. Por isso, “é preciso discutir as coisas com objectividade e abandonar de vez o muro das lamentações”.

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