Licenciado em Gestão Internacional pelo IESF, Carlos Cardoso, 29 anos, foi fundador da Actis em Dezembro de 1998. Passou também pelo departamento financeiro e de marketing da Novartis Consumer Health. Carlos Cardoso detecta um fosso claro de maturidade na implementação de soluções de Business Intelligence em Portugal e acredita que o crescimento para este ano será na casa dos dois dígitos, embora a procura seja sobretudo por soluções mais imediatas e ao nível departamental.
Qual o nível de maturidade da implementação de soluções de Business Intelligence (BI) em Portugal?
Penso que o mercado português se separa em dois grandes grupos: as companhias que já têm soluções de BI há algum tempo, e essas podem já estar a migrar para soluções mais robustas, e aquelas para as quais o BI ainda é uma coisa do Olimpo. Dentro deste último grupo existem aquelas companhias que consideram o BI muito caro e intangível e outras que nunca ouviram falar, mas quando vêem o BI em acção ficam agradavelmente surpreendidos com o potencial deste tipo de soluções que não são necessariamente caras.
Quais as principais vantagens da utilização deste tipo de soluções?
O BI pode fazer com que toda a organização saiba e consiga controlar rigorosamente os seus objectivos. Por outro lado, simplifica imenso o processo de decisão, já que este é baseado em factos e não em intuições. A tomada de decisões é também bastante mais acelerada na medida em que se consegue obter informação em tempo real, evitando perdas desnecessárias na compilação de todos os dados necessários ao processo de decisão. Ao nível do budgeting e consolidação, o BI ultrapassa a questão das folhas de Excel dispersas e não relacionadas, colocando toda a informação num único local.
Ao nível dos centros de contacto, que valor acrescentado é que o BI pode trazer que não esteja já contemplado, por exemplo, pelas soluções CRM tradicionais?
O BI tem uma vantagem clara em relação a qualquer plataforma de reporting que é a possibilidade do utilizador final poder interagir com os seus dados, sem ter de pedir aos informáticos que redesenhem o relatório sempre que queira ter uma perspectiva diferente sobre os mesmos.
Ao nível do centro de contacto, as grandes vantagens advêm do facto de o BI ser personalizável para qualquer organização, permitindo a esta ver os seus dados facilmente e não através de relatórios pré-formatados para todas as organizações.
O utilizador pode receber um conjunto de dados do centro de contacto mas o BI pode também ser parametrizado para retirar dados de outras fontes existentes na organização, como por exemplo, sistemas de facturação.
Como surgiu a parceria entre a Actis e a Brio?
A parceria existe desde 1999. Até então a Actis desenvolvia sistemas de suporte à decisão. Mas a determinada altura sentimos que as necessidades dos nossos clientes não conseguiam ser colmatadas com as nossas aplicações. Falámos com vários parceiros internacionais e chegámos a um acordo de parceria com a Brio. Hoje somos distribuidores da Brio para Portugal e PALOPS. Temos também acções em Espanha na área de formação e de serviços.
Que tipo de soluções e de serviços é que a Brio disponibiliza para o mercado português?
A Brio tem três tipos de soluções na área de disponibilização de informação. A solução Brio Intelligence permite a personalização da informação, mas também a possibilidade de o utilizador trabalhar off-line da base de dados e de integrar os dados com outros existentes a nível departamental. A plataforma mantém a mesma eficiência quer seja operada a partir da web ou de cliente-servidor.
Temos depois o Brio Reports para a criação de relatórios e o Brio Portal que pretende ser o repositório de toda a informação contida na empresa. Ao nível dos serviços, focamo-nos em três pontos principais: dar a conhecer os produtos da Brio, dar suporte técnico a parceiros e clientes, bem como formação no produto. Ao nível dos nossos parceiros, damos também apoio na pré-venda.
Quais os parceiros da Brio em Portugal?
Ao nível dos revendedores temos, por exemplo, a Ace-BI, Compta, Link, Servisis, KPI Solutions, Roff e Yellow Scire. Em termos de integradores temos a CGEY, a Deloitte & Touche e a IDW.
Que clientes têm neste momento?
A Brio tem uma presença forte nas telecomunicações e na área financeira mas alargámo-nos recentemente a outras áreas. Temos como clientes, por exemplo, a ONI Telecom, a Optimus, AdvanceCare, Credibom, BES, Grupo Luís Simões, Tetrapak, McDonalds e o Exército Português.
Quanto tempo em média demora a implementação de uma solução BI?
O tempo varia de acordo com o número de fontes de dados / análises e consoante a implementação seja feita a nível departamental ou corporativo. Há projectos de duas semanas mas também temos projectos de meses. Nestes últimos casos, o tempo também varia em função do estado da implementação do datamart ou do datawarehouse.
Que tipo de utilizadores consegue identificar?
Os administradores, os developers, que desenvolvem novas análises, os analistas, que podem fazer queries ad-hoc, relatórios, gráficos tabelas dinâmicas, etc., os end-users que interagem com os dashboards (painéis de controlo) sem poderem, contudo alterar o grafismo ou as funcionalidades, e os viewers que utilizam a licença gratuita.
Filipe Samora
2003-04-01
Centro de Informação-DATABASE & BUSINESS INTELLIGE
Em Foco – Pessoa