2342 — Movimentações no mercado de BI confirmam luta pela sobrevivência

Aug 8, 2003 | Conteúdos Em Português

Se o mercado global de BI tem sido pautado por uma espécie de oligarquia de fabricantes de média dimensão, as recentes aquisições da Brio pela Hyperion e da Crystal Decisions pela Business Objects evidenciam uma mutação no mercado tendente para a consolidação. O META Group prevê mesmo que em 2006/07 o mercado global de BI seja dominado por 3 ou 4 grandes fabricantes de suites de grande abrangência, deixando uma pequena fatia para vendedores de soluções de nicho. A Cognos e a Business Objects serão candidatos a um lugar no top 4, embora a SAP e Microsoft possam ter uma palavra a dizer.

Embora a Business Objects e a Hyperion saiam reforçadas destes processos de aquisição, podendo a longo prazo consolidar as suas posições nos lugares cimeiros, as duas aquisições trazem consequências diferentes, sendo que a fusão da Business Objects com a Crystal Decisions é aquela que apresenta teoricamente maiores problemas de integração e de sobreposição (overlapping).

Fusão da Hyperion com a Brio

Com a aquisição da Brio, a Hyperion conseguirá colmatar algumas lacunas da sua plataforma de Business Performance Management (BPM), como sejam o SQL query ad-hoc, o enterprise reporting e os dashboards. Sendo a Brio uma empresa de menor dimensão (com cerca de um quinto das receitas da Hyperion ) e com um modelo de negócio menos abrangente, a integração será, em teoria, fácil.

Os grandes desafios relativos à integração prendem-se com a substituição do produto de reporting da Hyperion pelo Brio/SQR, a integração dos produtos de dashboard/scorecard e dos OLAP viewers das duas empresas (Brio Intelligence e Hyperion Analyser) bem como a óbvia incorporação do produto da Brio no modelo de negócio da Hyperion.

Fusão da Business Objects com a Crystal Decisions

A Business Objects (BO) logrou desde sempre uma boa reputação nos queries ad-hoc e no reporting no lado do utilizador final. Embora ainda mantenha uma posição cimeira no mercado global de BI, a BO tem vindo progressivamente a perder terreno face à Cognos, em parte devido aos sucessivos atrasos no lançamento da sua mais recente plataforma, o Enterprise 6 (no segundo trimestre deste ano).

Embora para muitos especialistas o lançamento do Enterprise 6 tenha introduzido melhorias significativas (por exemplo, ao nível da escalabilidade e da arquitectura thin-client), outros acreditam que não introduz modificações de fundo ao nível da funcionalidade, considerando mesmo que esta fusão serve apenas para alargar a base de clientes a partir dos utilizadores da Crystal.

A sobreposição considerável entre as linhas de produtos das duas empresas (grande parte dos utilizadores finais considera que as duas companhias são concorrentes directas) coloca grandes desafios ao nível da integração.

Se a integração das operações empresariais (contabilidade, recursos humanos e administração) não representará mais dificuldades do que qualquer outra fusão, a área das vendas levanta desafios.

Os recursos humanos ligados às vendas directas têm de ser integrados e dotados de uma oferta racional de produtos de forma a que os consigam apresentar como diferenciadores ao utilizador final. As redes de distribuição devem ser geridas de forma a reduzir o overlap (quando duas empresas visam os mesmos utilizadores) e a evitar conflitos de canal.

“Ao contrário da fusão da Business Objects com a Crystal, onde ambas as empresas detinham posições fortes antes do acordo, a Brio sofreu uma quebra nas vendas nos últimos anos. Embora estudos levados a cabo pelo META Group junto dos clientes indiquem que a Brio ainda possui uma base de consumidores fieis e ofereça produtos tecnicamente viáveis, grande parte das organizações já não aposta em Brio para novos projectos,” referiu um analista do META Group.

Novos players

Os fabricantes de soluções de BI, quer best-of-breed, quer de suite products enfrentam hoje a concorrência de players oriundos de outros sectores. A Microsoft parece estar interessada no mercado de BI; se esta incursão for levada a sério, a empresa de Bill Gates poderá ser uma das candidatas a ocupar os lugares de topo, combinando a existência de recursos internos com a eventual aquisição de empresas do sector.

A SPSS é ainda o fabricante líder de BI para o mercado crescente dos AS/400. Tal como a SAS, necessita de um impulso considerável para sair do seu nicho e almejar uma posição de topo. À semelhança da empresa liderada por Jim Goodnight, a SPSS possui os recursos. Resta saber se possui vontade. A Information Builders, inicialmente conotada como fabricante de enterprise reporting, é também uma forte candidata aos lugares cimeiros.

A Oracle, a SAP e a Siebel estão também empenhadas nas suas plataformas de BI. A principal questão relativa a estes fabricantes consiste em saber se irão apostar em produtos de suite ou se se contentarão em satisfazer a sua base actual de clientes como produtos de nicho. A Siebel e a SAP são apontadas por vários especialistas como tendo potencial para competir como os players de BI puro, embora ainda seja cedo para avançar previsões.

Filipe Samora
2003-08-07

Centro de Informação-DATABASE & BUSINESS INTELLIGE