2584 — 13.º congresso das Comunicações vai questionar rearranque do sector

Nov 17, 2003 | Conteúdos Em Português

13.º Congresso das Comunicações (APDC)Norberto Fernandes, presidente da APDC«Sem excepção, vamos encontrar a temática da retoma económica nos diferentes painéis
(do Congresso das Comunicações), ainda que não seja explícita. A encruzilhada em que estamos é de confirmação do rearranque deste sector e isso será o pano de fundo do evento». Palavras do presidente da APDC, Norberto Fernandes, numa antevisão ao 13.º Congresso das Comunicações , que arranca já 3.ª Feira, no Centro de Congressos de Lisboa.

Centro de ContactoEste ano o debate volta-se para a sociedade civil e para o conceito de cidadania. No ano da administração pública, e face aos projectos do Governo para a Sociedade de Informação, trata-se de um apelo aos cidadãos?
Norberto Fernandes – Volta-se para essas áreas que mencionou e também para o futuro, para o que está por fazer dentro e fora do sector. A APDC conseguiu traduzir no programa do congresso uma grande preocupação em, basicamente, apoiar e concertar esforços para que avance esse grande programa nacional para a Sociedade de Informação .
Sabemos que não é fácil, pois é uma mudança que envolve transformações profundas, quer dentro das organizações empresariais e orgãos da administração pública quer na vida dos cidadãos. Sabemos também que coloca problemas novos – alguns graves -, desde a garantia de protecção dos dados e o direito à privacidade e liberdade individuais, num novo contexto com novas ferramentas, até questões nas profissões cuja forma de operar é alterada quando passam a trabalhar em rede e de forma cooperativa. É esta problemática, sector a sector – na telemedicina, no ensino à distância, etc –, que pretendemos debater.

CC – Quais são os temas mais aguardados nesta 13.ª edição?
NF – Eu penso que todas as questões voltadas para a cidadania são temas muito importantes. Teremos uma sessão dedicada aos direitos e garantias individuais e uma outra que vai abordar as áreas da justiça, saúde e educação, ao nível da problemática geral do que serão esses sectores num mundo em rede com as novas tecnologias a funcionar. A perspectiva aqui é a importância da dimensão das transformações que é necessário fazer para que se tire vantagens dessas tecnologias.
Vamos promover ainda uma sessão específica para situações particulares, onde irão ser abordados os problemas das regiões, dos cidadãos com deficiência, das PME’s , dos municípios… Aqui procurará enquadrar-se a perspectiva de avaliar até que ponto é ainda necessário dar uma atenção especial às áreas onde há menos mercado.
Depois estarão em destaque, naturalmente, todas as questões internas do sector das comunicações e da indústria das tecnologias de informação, que está em mudança. Por exemplo, um problema de grande aquidade, neste momento, é a tomada de decisões novas para tentar relançar, num caminho mais viável, a questão da Televisão digital Terrestre, cuja primeira licença não conduziu a uma solução efectiva. Portugal tem de ter uma plataforma hertziana de sinal aberto já com standard digital! A televisão do futuro é interactiva…

CC – E acha que há condições para que isso venha a acontecer a breve trecho?
NF – Há, a ANACOM tem conduzido um processo de discussão pública muito animado com várias sessões de trabalho especializadas entre os especialistas do sector e eu creio que a entidade reguladora, ao fazer isto, está a ouvir a sociedade civil e prepara-se para relançar o processo a muito curto prazo, com regras novas e com outro calendário. Durante o congresso haverá uma discussão larga deste tema, com os grandes actores do mercado da televisão em Portugal. O meu palpite é que teremos novidades sobre está matéria muito em breve.

CC – A novidade, este ano, será o Business Forum, pensado para as empresas, mas que estará aberto ao público em geral. O que vai acontecer neste espaço?
NF – Algumas empresas presentes trarão novidades, naturalmente. O Business Forum representa a maneira que arranjámos de materializar num espaço de demonstração e contacto aquilo que vamos fazer no congresso: o interface entre a sociedade geral e o sector.

CC – Mas isso não vem já acontecendo nas anteriores edições, através do habitual espaço para exposição?NF – Sim, mas o Business Forum reunirá espaços polivalentes, que tanto promovem sessões em anfiteatro para discussão e apresentação de projectos como um open space para demonstração de produtos. O conceito permite grandes e pequenos eventos. Acreditámos, pelo contacto que tivémos com o mercado e com os nossos patrocinadores institucionais, que esta era a forma de sincronizar alguns eventos entre o público do congresso e o público convidado pelas entidades envolvidas. Trata-se de um conceito “todo-o-terreno”, que queremos ampliar.

CC – Numa altura de arranque da retoma económica, para uns, e de mais um ano difícil para as empresas, para outros, com que expectativa é que parte esta iniciativa?
NF
– Olhe, eu confirmo inteiramente essa afirmação de que, de facto, alguns acreditam que já se iniciou a retoma, enquanto outros (apesar de, provavelmente, verem os mesmos sinais), acham que é prudente manter os comportamentos que se têm em momento de crise. Portanto, o que sentimos é que este congresso vai, sobretudo, ser importante por isso: uns e outros estão à espera de encontrar nele a confirmação, ou não, da sua posição.
Desse ponto de vista acho que, sem excepção, nos diferentes painéis, vamos encontrar essa temática, ainda que não seja explícita. Estou cheio de curiosidade! e dou-lhe alguns exemplos: uma das questões inevitáveis que se colocará é “quando é que arranca o UMTS ?”, o qual animará o mercado; vamos falar da televisão digital terrestre, dos sistemas de informação para a indústria – um ingrediente fundamental para as redes de aplicações e serviços; está-se à espera de saber se vai haver investimento e em que quantidades.
Portanto, provavelmente a encruzilhada em que estamos é de confirmação do rearranque deste sector e isso é o pano de fundo deste Congresso. Por mim, estou optimista, acredito que os sinais que estamos a ter são de alguma descontracção em relação a uma eventual perspectiva de agravamento da crise.
Acredito que o sector vai arrancar e os números permitem apontar que vai em boa direcção. Espero é que não se retomem optimismos desenfreados, mas que possamos sair deste congresso com alguma confiança e serenidade, para que o sector retome o caminho ascendente. Afinal, trata-se de um dos mais dinâmicos da economia, seja pelo ângulo dos mercados financeiros e da bolsa, seja pela dinamização do trabalho especializado. Por isso é importante que recupere algum optimismo.

Gabriela Costa
2003-11-14

(Para aceder a todas as informações disponíveis sobre o evento, consulte a rubrica “Eventos” do Centro de Contacto)

http://www.apdc.pt/13congresso/insc.asp

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