2981 — «RTP está a caminho da recuperação financeira total»

Jun 14, 2004 | Conteúdos Em Português

Almerindo Marques, presidente da RTPO presidente do Conselho de Administração da RTP anunciou no jantar-Debate da APDC, realizado recentemente em Lisboa, a recuperação financeira da televisão pública. Almerindo Marques manifestou empenho no desenvolvimento de conteúdos em português e na evolução tecnológica para novas plataformas e realidades do sector do audiovisual, defendendo, uma vez mais, o conceito de serviço público.

Num momento em que a RTP opera uma transformação profunda, Almerindo Marques anunciou que a televisão pública está no bom caminho para a recuperação total da complicada crise financeira e estrutural que viveu durante anos, e que se agudizou particularmente no início deste século. Para ultrapassar esta situação, considera que foi fundamental a eliminação dos sub financiamentos e a importância da relação estabelecida entre as obrigações do Estado e as obrigações dos administradores.

Nesse sentido, o presidente da RTP referiu que além de recuperar financeiramente a RTP e a RDP , o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido visa «preparar as empresas para facultar promover e dinamizar o sector audiovisual, mantendo e reforçando a sua actuação a nível do serviço público».

No balanço de Almerindo Marques, muito foi feito para ultrapassar as crises que assolavam a televisão pública, quer a nível técnico, financeiro, ou mesmo de recursos humanos. As situações de conflitualidade estão agora ultrapassadas, tendo a dívida de mil milhões de euros da RTP sido diminuída em 2003 para 277 milhões de euros e em 2004 para 260 milhões de euros, e os recursos humanos sofrido uma diminuição, passando dos 3.324 de trabalhadores em 2001, para os 2.539 em 2003.

Este responsável, que defende que o serviço público não pode ter objectivos concorrenciais, afirmou que «neste processo de recuperação o maior desafio talvez tenha sido o do relançamento do canal 2, estando hoje comprovado que o mesmo se impõe e tem vindo a ganhar audiências importantes nas classes A e B , aliás seu objectivo».

O presidente da RTP frisou também a importância das novas instalações no processo de recuperação da empresa, já que as mesmas além de representarem uma significativa mais valia, permitem o acesso a outras condições técnicas, muito mais adequadas às necessidades das três empresas do Grupo (RTP, RDP e RTP Meios), agora geridas por uma holding que rentabiliza os recursos financeiros e humanos de modo mais eficiente.

Almerindo Marques anunciou igualmente que as novas instalações irão acolher uma biblioteca e um museu que dará a conhecer o vasto e valioso arquivo da RTP. «Com este processo de reestruturação e recuperação estou convicto de que conseguimos um melhor serviço público, mais eficiência de gestão e resultados operacionais que se pautaram pela redução de custos, sendo que irá manifestar-se uma significativa tendência positiva a nível do EBITDA que de 260 milhões de euros em 2001 passou para 9,2 milhões de euros em 2003 e em breve apresentará níveis positivos na casa dos 3 milhões de euros ».

Com a recuperação e a reestruturação concluída, o presidente da RTP acredita que os grande desafios são o melhoramento do serviço público, a criação de condições que permitam manter as empresas saudáveis e o avanço no sentido de criar um plano de desenvolvimento das novas tecnologias do sector do audiovisual. Nesta esteira importa ter em linha de conta que a RTP irá proceder a um significativo investimento no seu património, constituído por preciosos arquivos que durante décadas têm estado votados ao abandono e esquecimento e nos quais a empresa irá investir fortemente.

Almerindo Marques acredita que a crise económica que ainda se faz sentir será em breve ultrapassada. Consequentemente, as mudanças que se têm vindo a desenrolar irão ser aceleradas a nível tecnológico, sobretudo, já que para vingar, a tecnologia precisa de estabilidade.

Como elementos positivos desta evolução, o presidente da RTP destacou o lançamento do UMTS, os passos que se têm dado no sentido do e-goverment, a Televisão Digital Terrestre e os avanços tecnológicos que integram a Internet e a banda larga e que poderão evoluir no sentido da gratuitidade dos telefones fixos.

Quanto ao futuro, para cujos imprevistos deveremos estar precavidos, Almerindo Marques diz que é natural que o sector público se confronte com novas necessidades e exigências que respondam não apenas aos custos dos investimentos mas, sobretudo, e cada vez mais, à salvaguarda da igualdade de acesso, da coesão social, dos conteúdos públicos e dos elementares direitos à informação. Importante será também a utilização da tecnologia para o incremento e promoção do conhecimento e da cultura.

«A RTP terá que fazer esforços para estar presente em todas as realidades tecnológicas do audiovisual (Cabo, Internet e TDT), bem como para criar novos serviços e apostar em novas parcerias para o desenvolvimento da Sociedade de Informação. A modernização das plataformas, a modernização da Administração Pública, a Infocidadania e o apoio às novas tecnologias são outros desafios, defendeu: «para que a RDP e a RTP possam fazer este esforço é preciso que o Programa Nacional para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação esteja devidamente balizado. Dados os custos envolvidos, será preciso que as condições de recuperação atingidas pelas empresas se mantenham e que o Estado mantenha o regular cumprimento dos serviços que assumiu e que tem feito».

Almerindo Marques defendeu ainda que a RTP pode e deve continuar a prestar um bom serviço para o país e para os portugueses e defendeu que o grande trabalho de mudança que a empresa fez decorreu com a maioria das pessoas que lá estavam.

Por último, o presidente da RTP, que entende que o serviço público de televisão apesar de poder ser prestado também por empresas privadas deverá, e dadas as condições do mercado português, ser prestado por uma empresa pública nos próximos anos (para que possa haver desenvolvimento do sector e uma intervenção real em todas as formas de produção de conteúdos de interesse público e geral e não numa lógica de concorrência), lançou o repto aos produtores de conteúdos para ‘aportuguesarem’ os conteúdos que produzem.

 

2004-06-14

fonte: APDC

http://www.apdc.pt

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