3030 — Plataforma VPN-IP vai servir Telemedicina

Jun 30, 2004 | Conteúdos Em Português

site e-medicinaO Alentejo é um exemplo de excepção na área da Telemedicina em Portugal. Mas a culpa de esta prática não se fazer senão pontualmente no resto do País não é das tecnologias que lhe são aplicadas – e que deverão até evoluir para uma plataforma VPN-IP até ao final do ano. É, sim, «de ordem institucional e de falta de coordenação » concluiu-se ontem na Jornada e-Medicina, realizada no Auditório do Infarmed, em lisboa.

A região do Alentejo esteve em destaque no painel “e-Medicina no Presente: A teleconsulta na prática clínica e as listas de espera”, que abriu a sessão da tarde das Jornadas e-Medicina, organizadas pelo Fórum Hospital do Futuro, ADT – Associação para o Desenvolvimento da Telemedicina e APDSI – Associação para a Pormoção e Desenvolimento da Sociedade da Informação.

Foram apresentados os casos do Hospital de Elvas, Centro de Saúde de Mora e Centro de Saúde de Sertã (uma excepção da zona de Castelo Branco).

Segundo o coordenador regional de Telemedicina para o Alentejo, naquela província realizam-se dois tipos de teleconsulta, uma entre os centros de saúde locais e os hospitais regionais de Évora, Elvas, Portalegre e Serpa e outra entre estes e os hospitais centrais de Lisboa (Hospital de S. José, Egas Moniz, IPO de Lisboa e Hospital de Santa Cruz ).

As unidades de telemedicina são operacionalizadas por responsáveis clínicos e administrativos que garantem ao utente mais e melhor informação, maior acessibilidade às consultas de especialidade; uma «drástica diminuição do tempo de espera» dos doentes e uma redução significativa dos custos com consultas hospitalares e despesas associadas (deslocações, comunicações, etc).

Em 2003, foram realizadas 6500 teleconsultas na região do Alentejo, um número que «já duplicou, mas pode ser dez vezes maior», aponta Luis Gonçalves .

Um avanço que poderá marcar o trajecto da Telemedicina em Portugal parece ter sido o facto de os períodos dispendidos pelos profissionais alentejanos nas teleconsultas terem sido, finalmente, incluídos no horário profissional, como assinalou o coordenador de Telemedicina da região .

Sublinhe-se que esse e outros entraves têm dificultado a expansão da Telemedicina a nível nacional que, na opinião da maioria dos presentes, só se “realiza” no resto do País de forma pontual.

Nunes Abreu, presidente da ADTMas se a prática não está mais desenvolvida, a culpa não será da tecnologia. Apesar de poderem ser feitas melhorias na plataforma RDIS, com que o Projecto Telemedicina Alentejo 2004 trabalha actualmente, os maiores problemas prendem-se, na opinião de Nunes Abreu, director do Hospital do Futuro e da ADT , com o facto da Telemedicina não ser oficializada ou sequer contabilizada como prática médica, (exceptuando no Alentejo) ou com a interrupção, por diversas vezes e por condicionantes governativas, do levantamento de todos os equipamentos e projectos existentes nesta área.

Para breve, está prevista a criação, ao nível do Ministério da Saúde (MS), de uma task force de âmbito nacional para fazer esse levantamento, avançou ao Centro de Contacto Álvaro Pacheco, director do Hospital de Elvas. Mas Nunes Abreu encara o projecto com alguma desconfiança: «já vi serem criadas muitas comissões sobre este assunto, mas nunca vi nada feito, em concreto. O MS deveria criar um coordenador para esta área, uma unidade de coordenação das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação)».

A nível tecnológico, é desejável no Alentejo um avanço da Rede RDIS para uma plataforma VPN com protocolo IP, que permitiria evoluir para um modelo integrado de funcionamento nas teleconsultas. O impacto deste avanço é óbvio para o coordenador regional de Telemedicina do Alentejo, ao nível dos custos, qualidade e gestão da rede. Álvaro Pacheco concorda, explicando que o actual sistema apenas permite contactar individualmente cada hospital ou centro de saúde.

O novo “Plano de ARSA” (Administração Regional de Saúde do Alentejo), que dará lugar à utilização da VPN-IP, deverá estar implementado até ao final do ano, estando nesta fase a aguardar autorização do IGIF (Instituto de Gestão Informática e Financeira), do MS , para se lançar em concurso.

«O grande pulo será ficarmos todos ligados em rede. Depois, é tentar replicar esta experiência a outras regiões», conclui Pacheco .

E assim se comprova que o problema da Telemedicina em Portugal «não é tecnológico, mas de ordem institucional e de falta de coordenação», como defende Nunes Abreu .

Afinal, parece que uma prática inovadora que tem a sua força nas novas tecnologias e na Sociedade da Informação e do Conhecimento é mais bem acolhida junto das populações isoladas e mais carenciadas do que nos grandes centros onde as TIC são uma realidade do quotidiano. Mas não seria ela igualmente útil nas metrópoles, onde as listas de espera para consulta são intermináveis?

Gabriela Costa

2004-06-30

http://www.groupvision.com/Saude/Eventos/2004/e-medicina.htm

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