Iniciou-se terça-feira, no Centro de Congressos da FIL na Junqueira, o 16ºCongresso das Comunicações da APDC. A edição deste ano que se prolonga até ao dia 16 de Novembro, sob a presidência de Diogo Vasconcelos, demarca-se das organizações anteriores pelo agendamento de diversas sessões paralelas que permitem uma cobertura mais abrangente e diferenciada de temas, mas também pela presença de um número superior de oradores estrangeiros. O principal desafio que se coloca a este Congresso será Pensar Global, Agir Global.
Segundo Paulo Campos, Secretário de Estado das Comunicações, o sector das telecomunicações em Portugal reveste-se de uma clara dinâmica que dita o seu factor de sucesso e que se traduz no peso que o sector tem actualmente no PIB nacional, 5,8%. Na sua intervenção na sessão oficial de abertura deste Congresso, realçou que o investimento anual em telecomunicações ronda os 1000 milhões de euros, empregando aproximadamente 30 mil pessoas, quase metade das quais nos serviços postais.
Na sua óptica, o projecto da televisão digital terrestre irá contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, sendo uma oportunidade para o desenvolvimento de portugal a diversos níveis, e também para a atracção de investimento estrangeiro. O Secretário de Estado deixou ainda a promessa de criar grupos de trabalho, com o objectivo de propor medidas e soluções que permitam o aparecimento de projectos de televisão móvel.
Segundo a avaliação da Comissão Europeia, Portugal ainda se encontra muito abaixo da média europeia no que concerne ao investimento público e privado em investigação e desenvolvimento , com 0,25% do PIB, face aos 1,3% comunitários. Viviane Reding, representante desta Comissão , com uma declaração através de videoconferência, destacou na sessão inaugural deste Congresso, a importância das TIC como driver de crescimento económico e o empenho e envolvimento do nosso País, através das medidas impostas pelo Governo. A este nível, Viviane Reding salientou o aumento do número de utilizadores de Internet em Portugal, que ao contrário do que acontece nos outros países da União Europeia, possuem maioritariamente acessos de banda larga, usufruindo dos mais baixos preços da Europa.
Carlos Zorrinho, coordenador nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, centrou a sua participação neste encontro no facto de Portugal não se poder dar ao luxo de chegar atrasado a mais esta revolução. «Não podemos competir na qualificação nem nos preços baixos. Temos que actuar em nichos de mercado, e sermos os melhores nessa área. Para tal temos que criar novas competências, para que o mercado seja liderado pela procura e não pela oferta», disse. As parcerias internacionais já estabelecidas terão a esse nível, um papel muito importante, pois são elas que vão permitir ao país alinhar na fronteira tecnológica dos nichos de mercado seleccionados.
O primeiro dia deste Congresso ficou ainda assinalado pela presença de Hans Vestberg, Vice Presidente Executivo e General Manager da Business Unit Global Services da Ericsson , que sustenta que o grosso do crescimento no número de subscritores de telemóveis a nível mundial verificar-se-á em regiões como a África, Médio Oriente e América Latina. De acordo com os números que facultou, existem actualmente 2500 milhões de subscritores em termos mundiais de telemóveis, sendo que em 2010 este total deverá superar os 4000 milhões. Hoje em dia o objectivo é disponibilizar todo o tipo de comunicações para todos. Isso passa pela partilha de experiências do dia-a-dia, pelo acesso a informação e a conteúdos de entretenimento, pela utivização de aplicações de negócio, pelo desenvolvimento de soluções dedicadas à segurança, saúde e educação, sublinhou.
Outra das temáticas que subiu ao palco deste Congresso, pela voz do consultor e escritor Ashutosh Sheshabalaya, prendeu-se com a afirmação da Índia como potência tecnológica emergente que tem investido milhões em fusões e aquisições no estrangeiro. Segundo Sheshabalaya , o investimento efectuado pelas empresas indianas na área da investigação e desenvolvimento ronda os 35%, o País aposta em empresas de alto valor, ocupa a quarta posição em termos económicos, afirmando-se como uma terra de contrastes onde séculos de tradição convivem lado a lado com a mais recente tecnologia e inovação.
O dia inaugural do Congresso das Comunicações entrou também na história por ter conseguido reunir numa mesma sessão os três reguladores nacionais do sector das TIC: José Azeredo Lopes, Presidente do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, José Amado da Silva, Presidente da Anacom e Abel Mateus, Presidente da Autoridade da Concorrência. Numa sessão subordinada ao tema O papel da regulação: Concorrência, Telecomunicações e Conteúdos, destacou-se a visão de Azeredo Lopes de que «as regulações são pouco restritivas para garantir investimento ou vantagens de mercador», a de Abel Mateus de que o sonho de um mercado único nas telecomunicações está longe de se concretizar, sendo-o só concretizado com um mercado concorrencial a nível nacional e quando se atingir um nível de preços homogéneo e a ideia de José Amado da Silva de que a existência do Regulador deixará de ser necessária quando houver uma concorrência liberal e saudável ou quando fôr criado um regulador europeu.
Para informações detalhadas sobre o Programa do 16ºCongresso das Comunicações visite: http://congresso.apdc.pt/
2006-11-15
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