882 — “As Tecnologias ao serviço da Saúde”, um tema em debate na Inforpor

Oct 26, 2002 | Conteúdos Em Português

mesaNo âmbito da Inforpor’2002 teve lugar no VIP Lounge da FIL, no Parque das Nações, um debate informal sob o tema “As Tecnologias de Informação e Comunicação ao serviço da Medicina e Saúde”, no qual se destacaram algumas críticas à posição do Instituto de Gestão Informática e Financeira na Saúde (IGIF) relativamente a este assunto.

No debate estiveram presentes profissionais da área, entre os quais: Nuno Delerue, Administrador Delegado da NetSaúde; João Paulo Carvalho, responsável pela área de Investigação e Desenvolvimento da Quidgest; Sérgio Espírito Santo, Director Adjunto da Consulteam; Luís Évora, Director Geral da Techcare; Luís Rodrigues, Account Manager da Administração Pública e Saúde da Papelaco Telemática; e Carlos da Cunha Eça, Director Geral da “Linha Saúde 24”.

“A ideia de que um médico com um telemóvel consegue prescrever um medicamento tendo conhecimento do perfil do doente, e que esse medicamento possa ser aviado em qualquer farmácia do país, sem que o paciente esteja vinculado a qualquer papel na mão, é um exemplo passível de ser feito”, afirmou Nuno Delerue, Administrador Delegado da NetSaúde.

Delerue referiu ainda que as soluções já existentes no mercado, se forem bem utilizadas, proporcionarão “oportunidades infindáveis na área”, o que poderá traduzir uma “revolução naquilo que é a nossa forma de entender a prestação de cuidados de saúde”.

Sérgio Espírito Santo, da Consulteam, acusou os médicos de “não perceberem da área de Informática”, o que poderá ser uma causa do atraso que se verifica em Portugal no sector. Para o responsável, enquanto representante da Consulteam , a palavra-chave será “integração”.

“Para nós não faz sentido que existam diversas áreas da empresa com aplicações que não interagem entre elas, ou interagem a custos muito altos, quando há a possibilidade de ter toda a informação da empresa centralizada numa base de dados, a partir da qual se pode fazer toda uma selecção de informação, prestando um melhor serviço ao cliente”, explicou Espírito Santo.

Na sua opinião, o problema reside também no facto de o Estado, nomeadamente, o IGIF, “ser monopolista na área”.

Para João Paulo Carvalho, da Quidgest, “na área das Saúde as coisas não estão tão bem como poderiam estar”, isto porque considera que o IGIF deveria, em princípio, “conduzir cada vez mais a uma maior produtividade dos recursos”, o que não acontece, segundo o responsável da Quidgest , devido a um “modelo de desculpabilização”.

Segundo João Carvalho , estamos “atrasados no domínio das tecnologias de informação”, sobretudo “por causa do duplo papel de normalizador e produtor” do IGIF.

Apresenta ainda a questão do ponto de vista dos “genéricos”, dado que os médicos não estão dotados de sistemas que lhes permitam saber quais os medicamentos substitutos que possam ser escolhidos pelo preço mais baixo, porque “o IGIF nunca se preocupou em lhes fornecer os meios necessários”, ao contrário das farmácias que operam já com um sistema adequado à actividade.

Do ponto de vista de Luís Évora, da Techcare , a questão “não passa apenas pelo facto de termos as tecnologias disponíveis ou os produtos para fornecer tanto ao público como ao privado, mas sim pela formação que deve ser dada aos profissionais da Saúde que os utilizam”.

Por fim, Luís Rodrigues, da Papelaco Telemática , afirma que “ao nível das integrações, existem standars, mas não estão num sistema universalizado”, o que torna complicado a sua utilização num organismo de Saúde, porque cada marca “utiliza os seus próprios protocolos e formas de fazer passar a informação”. Para o responsável, esta “integração” é possível, mas “traz custos acrescidos ao cliente final”, o que considera serem “desperdícios” que poderiam ser minimizados.

Mediante o tema foi apresentado por Carlos da Cunha Eça, um caso prático “das tecnologias ao serviço da Saúde”. Trata-se da “Linha Saúde 24”, também intitulada “Dói-Dói, Trim-Trim”, constituída em 1999, que se destina à orientação e encaminhamento pediátrico de situações agudas de doença, a crianças entre os zero e os catorze anos.

Segundo o Director Geral da Linha, trata-se da prestação de Saúde “ a um nível eficiente e a custos reduzidos”. São atendidas, segundo o responsável, uma média de 1200 chamadas por dia, sendo que apenas 18 por cento são consideradas de urgência hospitalar, o que permite “desanuviar os bancos de urgência em Portugal”.

Por Catarina Cristão
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2002-10-26

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